15 de mar. de 2006

Prezada Comunidade do Centro Estadual de Ensino
"Professora Ignês de Lamônica Guimarães"MS
Sejam todos Bem Vindos , à nossa jornada escolar de 2006. Conheça o histórico do Centro . O Centro de Estudos Supletivos foi criado em 8/12/1980, com sede na rua Elvira Coelho Machado, hoje nº 544, no bairro Miguel Couto em Campo Grande, MS.

A escola nasceu destinada a suprir a escolarização de jovens e adultos que não a conseguiram na idade própria. Era a única escola que adotava o ensino supletivo com atendimento individual em cabines. O segundo grau, hoje ensino médio, foi autorizado em 18/9/1986. A escola cumpriu função social e humana buscando superar as diferenças sociais. A mudança de nome para “Ignês De Lamônica Guimarães” foi em homenagem à professora, vítima de violência, nas redondezas da escola. Leia um artigo da época.
Dá para entender?
Elpídio Reis
Aniversário da saudade . No sábado próximo ocorrerá o primeiro aniversário da saudade dos amigos inesquecíveis de Ignês De Lamônica Guimarães e seu filho Caio. Sim, aniversário da saudade. Saudade que mexe e remexe com o coração da gente. Mexe porque ninguém aceitou, não aceita nem jamais aceitará crime tão odiondo, tão covarde, tão impossível de imaginar-se, praticado por pessoas a quem o poder público pagava para servirem de defesa em favor da população. Um ano já se passou. Os amigos da Ignês e do Caio- como eu,continuam convictos de que nada aconteceu. Tudo não passou de um sonho, quem sabe pesadelo. A Ignês foi viajar- ela adora viajar- conhecer o mundo, todos os recantos da terra,ela adora a vida...ela voltará, não se sabe quando, mas voltará...O Caio está na fazenda, por isso a casa - aquele recanto da simpatia, onde sua dona sabia como poucos, receber os amigos sobretudo nos fins de tarde dos domingos, quando sua casa da Rua espírito Santo , 356, se enchia de amigos e quando havia sempre um lanche farto para emoldurar os gostosos bate- papos- está fechada, como a grama crescida, as plantas meio murchas, parecendo que chorosas pela falta da amiga inconfundível que as molhada diariamente e cuidava delas como mãe que cuida dos filhos queridos. Porque será que ainda acontecem crimes como os praticados contra a Inês e o Caio? Porque será que a sociedade liderada, conduzida por pessoas de alta inteligência e às vezes até grande patriotismo, altruísmo, disposição de acertar, de realizar o que é correto, abominando os erros, os descaminhos, os desencontros, não consegue nenhum plano de melhoria? Por que caminhamos todos rumo ao desconhecido, mas desde já sabido como menos ideal e até pior? Por que todas as criaturas de bem não se decidem a virar a mesa, gritando: basta! contra ervas daninhas, como assassinos da Ignês e do Caio? Ainda bem que a nós que ficamos neste vale de lágrimas, restou-nos a saudade, aquela saudade que a gente deseja que não nos abandone, que fique acalentando o nosso coração , exatamente como dizem aqueles versos do autor desconhecido : sodade é dô que dá/ mas não é dô de doê/ é vontade de alembrá / com vontade de esquecê/é dô de dente e machuca / mas onde dói ninguém vê /e a gente pega e cutuca/ prá não deixa de doê. Eu por mim ainda converso com a Ignês. Ouço-lhe, de quando em quando aquele riso inteligente, muito dela. Lembro-me dela sempre risonha. De quando em vez, também, vejo -a com os olhos cheio de lágrimas, no Rio, na minha casa, na sala de jantar, onde ela se reviu, um ano antes, jantando com o marido, o meu inesquecível Diogo, numa noite memorável. Poucos vezes entes queridos , que partiram para a viagem final, continuam, mesmo depois de um ano, tão vivos na memória da gente, como a Ignês e o Caio. Por que a vida é sempre assim ? Alguém consegue entender? O CES passou a ser designado Centro de Estudos Supletivos "Ignês De Lamônica Guimarâes em homenagem à professora brutalmente assassinada juntamente com seu filho nas imediações do Centro.
É por acreditar que a educação é a única maneira de mudar o perfil da nossa realidade social que nós professores nos colocamos à disposição e daremos o melhor de nós para que a inserção social continue e que a diferença cultural e econômica sejam barreiras a serem derrubadas para que o planeta Terra seja melhor .
Que Deus nos abençoe!